Iniciei minha aventura na Indochina por Bangkok. Por curiosidade, logo quis entender o por quê desse grupo de diferentes países serem conhecidos como Indochina e a explicação é bastante simples. Norte da Tailândia, Laos, Vietnã e Camboja foram por cerca de 100 anos, povos colonizados pela França e assim foram denominados pelos antigos colonizadores pelo simples fato de estarem geograficamente entre a India e a China. Independente da denominação ter sido dada pelos colonizadores, percebi que as influências na cultura desse grupo de países tem raízes bem mais antigas, afinal, percebe-se que a arquitetura exuberante da Tailândia, por exemplo, carrega muita influência Khmer que se vê preservada no Camboja .
Minha estadia em Bangkok foi de 2 dias, diga-se de passagem, a Tailândia tem atrações para um período de férias inteiro, com suas maravilhosas ilhas e praias espetaculares que não foram meu foco nessa viagem. Escolhi Bangkok como meu ponto de entrada na Indochina. A capital da Tailândia é uma cidade vibrante com cerca de 9 milhões de habitantes, cheia de canais, com barcos que transportam pessoas e uma diversidade de produtos. Os canais são ladeados de residências coloridas tipo palafitas e majestosos hotéis que abrigam turistas.
A Tailândia é uma monarquia e já estão no nono rei de sua história, o Rama IX. Por toda a cidade se vê as fotos do Rei e da Rainha expostas demonstrando tamanha adoração desse povo aos seus reis. O curioso é que as fotos não são atuais, o casal real está com quase 90 anos e hospitalizado, mas as fotografias são de cerca de 40 anos atrás para que a imagem de veneração seja a de um casal real em pleno vigor. O respeito à realeza toma contornos inimagináveis para nossa mente ocidental.
Na primeira noite fui assistir um premiado espetáculo e no início do espetáculo todos se levantaram e ao som de um Hino, que suponho seja alusivo a monarquia, vídeos bastante antigos das expedições do monarca foram transmitidos por alguns minutos.
Os venerados monarcas Tailandeses, construíram maravilhosos palácios como o conhecido Grande Palácio, construído pelos primeiros 4 Ramas e que é primoroso. Multicolorido, cheio de espelhos e materiais brilhantes que fazem alusão às terras ricas em pedras preciosas.
Logo na entrada, avistamos os gigantescos guardiões, chamados de Diabos. Há ainda uma porção de outros guardiões alguns bons e outros maus, que têm todos a função de proteção a Buda. Dois deles me chamaram muita atenção porque estão dispostos um ao lado do outro e a diferença básica entre eles é que o bom está com os pés descalços e o mau está calçado. Creio que seja uma alusão ao respeito do bom guardião que só adentra o templo com os pés descalços. Outra característica interessante dos guardiões é que eles têm corpos mesclados, parte humana e parte de animais, de forma que a rapidez ou bravura animal agrega ao guardião maior capacidade de proteger o Buda que fica dentro dos templos que eles protegem.
Falando nos muitos Budas, os Tailandeses têm Budas de Ouro, Esmeraldas e Bronze além dos outros muitos que apesar de não serem feitos de metais preciosos recebem a mesma reverência.
Possivelmente o mais famoso Buda de Ouro, com 3 metros de dimensão, fica num templo em estilo chinês chamado de Wat Traimit com o teto maravilhosamente adornado e as portas pintadas com anjos Hindus.
Os mausoléus têm Stupas gigantes que guardam os restos mortais dos Ramas e algumas menores para os nobres. Todas elas muito bem adornadas e com corredores e acessos que se encaixam criando cenários harmoniosos e arquitetonicamente perfeitos.
Além disso, O Wat Pho é um conjunto com templos, um intrincado conjunto de templos que abrigam Budas de Ouro e de Bronze e até o gigantesco Buda reclinado que está em posição de espera pelo Nirvana. O teto desse templo é todo decorado e até as digitais nos pés do Buda reclinado compõem um exótico desenho.
Não menos interessante é o Wat Benchamabophit que foi construído pelo Rama V, que digamos, é o meu monarca favorito. Dizem que foi ele quem inspirou a história do filme Anna e o Rei, se é verdade, não sei, mas ele foi o rei que estudou inglês e que conheceu o ocidente.
Esse templo é muito bonito, é o Templo de Mármore. Além da arquitetura Tailandesa e a estrutura em mármore, o templo tem uns vitrais lindíssimos. Lembre-se que vitrais são típicos de igrejas ocidentais.
O Rama V com seu interesse pela cultura ocidental quis construir este templo com vitrais a estilo ocidental, mas com gravuras nada ocidentais. Muito bonito. O entorno do templo é igualmente bonito e hoje é um monastério.
Mas falando das obras do Rama V, encantadora é mesmo sua residência de verão. Fui visitá-la no meu segundo dia em Bangkok. Ela fica no caminho entre Bangkok e Ayutthaya, a antiga capital da Tailândia. Dizer que é uma residência, é um eufemismo, é uma área enorme com um belíssimo lago e espaço suficiente para que o Rama construísse edifícios de arquitetura européia, por exemplo, russa e italiana e no bem meio do lago ele colocou uma belíssima construção Tailandesa que parece um coreto e tem a mesma perfeição e detalhes do Grande Palácio que vi em Bangkok. Não deixe de checar o post dedicado a residência de verão do Rama V e Ayutthaya.
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